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Conselho consultivo: saiba o que é e por que a sua ONG deveria ter um

Instituto Phomenta • out. 24, 2020

Artigo originalmente publicado no Portal do Impacto.

Conselho Deliberativo, Conselho Administrativo e Fiscal¹. Apesar de não serem obrigatórios, algumas organizações os adotam como boa prática de governança. Além deles, existe mais um, não tão mencionado: o Conselho Consultivo. Um grupo de pessoas selecionadas com a função de apoiar na gestão e sustentabilidade, além de ajudar nas decisões mais difíceis que a organização enfrenta. Seja nos problemas diários, para planejar as deliberações futuras ou desenhar um planejamento estratégico. 


O Instituto para Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) resume bem:

“Conselho Consultivo atua como uma comissão externa de aconselhamento, orientando líderes e gestores, e recomendando ao Conselho Deliberativo as medidas a serem tomadas para o desenvolvimento da organização”.


A existência de um Conselho Consultivo traz mais maturidade e qualidade para o trabalho da organização. Traz também mais suporte e embasamento para a diretoria e liderança, que vai poder acessar um grupo de pessoas com experiência e conhecimento complementares aos seus. E com todos vestindo a camisa, surgem novas ideias, novas soluções e novas ferramentas, que ficam à disposição da sua organização.


E o que você precisa saber para criar um Conselho Consultivo na sua organização?


A vantagem de ter um Conselho Consultivo é ter mais capacidade e facilidade em gerar novas soluções para problemas existentes. Para conseguir chegar a esses novos espaços, é necessário que os participantes do conselho tenham bagagens profissionais e pessoais diferentes. 


Quanto mais diverso seu conselho - não apenas em raça e gênero, mas também em pensamentos - mais experiências e conhecimento a organização vai conseguir acessar. Porém, as formas diferentes de pensar precisam estar alinhadas em relação a missão, visão e principalmente aos valores da Organização. O objetivo é potencializar e não criar conflitos. 


Conflitos de interesse


Alguns potenciais conflitos de interesse para olharmos com atenção:

  • Se conselheiro possui relacionamento pessoal com alguém da organização;
  • Se conselheiro trabalha ou possui uma empresa que oferece um produto ou serviço que é a solução para o desafio da organização;
  • Se conselheiro deseja utilizar o conselho para alavancar carreira ou fechar vendas com os demais conselheiros.


É importante identificar esses potenciais conflitos e pontuá-los em uma boa conversa inicial com o conselheiro. E, se necessário, alinhamentos intermediários durante o mandato da pessoa como conselheira. A ideia é que todas as conversas e decisões aconteçam colocando a organização e seu futuro como foco, e que não sejam influenciadas por estes interesses pessoais e individuais.


Rotatividade


Mais um ponto importante que se relaciona com a diversidade, é a rotatividade. Os cargos de conselheiros devem ser interinos para permitir que novas pessoas entrem e oxigenem a organização, além de permitir o acesso da organização a outras pessoas e experiências. O mais comum é que cada cargo tenha o prazo de 2 ou 3 anos, mas essa é uma decisão que pode acontecer internamente de acordo com a realidade da sua organização. 


Mas é preciso explicar ao conselheiro desde o começo de sua gestão.


Tamanho e frequência


Algumas organizações fazem reuniões mensais, enquanto outras realizam duas reuniões por ano. Depende da sua necessidade e da disponibilidade dos conselheiros. Da mesma forma, o tamanho do Conselho Consultivo vai depender da sua necessidade e capacidade de recrutamento.


Um grande aprendizado com o Conselho Consultivo da Phomenta foi o de realizar conversas individuais com os conselheiros, permitindo aprofundar em áreas que cada um deles mais domina, e diminuir a frequência da reunião com todos para a cada 6 meses, até porque é um grande desafio conseguir encontrar um dia e horário em que todos estão disponíveis.


Questões legais


O Conselho Consultivo opina e aconselha, mas não possui responsabilidades fiscais, administrativas, judiciais ou legais com a organização e seus membros. E como ele não possui poder de deliberação ou fiscalização, não precisa estar presente no estatuto da organização em um primeiro momento. Porém, é uma boa prática que ele seja incorporado no estatuto ao longo do tempo.


Quando implementar um Conselho Consultivo?


Não precisa esperar uma crise para procurar ajuda fora da organização. Muito pelo contrário, ter um Conselho Consultivo presente e atuante pode evitar crises ou minimizar seus efeitos e pode atuar desde a fundação da organização.


Por onde começar o conselho consultivo?


Defina a finalidade do conselho


O Conselho Consultivo é formado por voluntários que atuarão como mentores da organização e da liderança. Você pode ter um Conselho Consultivo Geral que tratará de diversos tópicos, ou formar conselhos temáticos, como Inovação, Comunicação e Sustentabilidade Econômica. 


   2. Identifique os perfis ou conhecimentos que deseja trazer para o conselho.


Procure por pessoas com atuações profissionais e sociais que complementam os conhecimentos já disponíveis na diretoria e conselho da sua organização. Por exemplo, empreendedores, líderes de grandes empresas, administradores públicos, pesquisadores sobre a causa, ou mesmo uma pessoa de outra organização social.


  3. Mapear pessoas que você pode convidar


 Essas pessoas podem estar dentro da sua rede de contatos, podem ser voluntários, ou você pode recrutar apenas para isso.  Você pode também convidar uma pessoa que admira. Tome coragem e faça contato. Sugerimos o envio de um e-mail ou através do Linkedin.


  4. Entreviste os potenciais conselheiros


Quando encontrar alguém interessado, faça uma entrevista! É importante esclarecer questões práticas de disponibilidade, mas o essencial é ver se os valores desse potencial conselheiro estão alinhados com os valores da organização.


  5. Alinhamento inicial


Não se esqueça de fazer uma conversa inicial para alinhamento de expectativas e para as boas-vindas, apresentando o novo conselheiro para os demais.


_

¹ *Caso a organização possua ou busca a qualificação de OSCIP, o Conselho Fiscal é obrigatório, conforme a Lei 9.790 de 1999.


Mais informações e outras fontes:


Endeavor -
Como um conselho consultivo pode ajudar minha empresa a crescer?


IBCG -
A importância do conselho consultivo como alternativa transitória ao conselho de administração


IDIS -
A formação do Conselho de uma Organização


Ignição Digital -
O que é e como funciona o Conselho Consultivo? 


Tecnoarte -
Conselho Consultivo: qual a importância dele para minha ONG?



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